No dia 30/07 aconteceu o 2º Encontro Nacional do Cinema Infantil, onde produtores, realizadores e pessoas relacionadas ao cinema voltado para as crianças debateram a necessidade de se aumentar a produção de filmes infantis no Brasil. Nomes reconhecidos na área, como Carla Camurati, Andrés Lieban e outros vieram prestigiar a Mostra de Florianópolis e trocar idéias sobre o assunto.
Deste encontro resultou a proposta de aumento dos recursos destinados à produção audiovisual voltada à infância, que será levada ao Congresso Nacional por uma comissão escolhida no Encontro. Confira:
Documento Pró Cinema Infantil
A Mostra de Cinema Infantil surgiu em 2002 com o objetivo de utilizar o cinema como instrumento de educação e inclusão social. O evento é o único no país que tem como objetivo a inclusão social e a educação através do cinema, e é exclusivamente para crianças.
Após exibir vários clássicos antigos, como “O Saci”, de Rodolfo Nanni,, “Pluft, O Fantasminha”, filme de Romain Lesage, “A Agulha e a Linha” de Humberto Muro e “A Sinfonia Amazônica” , entre outros, foi constatado a pouca produção de filmes atuais para crianças no Brasil.
Por isso, a partir da 4ª Mostra, foi realizado o Encontro Nacional do Cinema Infantil, para definir procedimentos e propor políticas específicas para o cinema infantil no país. E na edição deste ano foi criada a Comissão Pró-cinema infantil.
Segundo pesquisa de João Batista Melo, da Unicamp, de 1908 a 2002, foram produzidos 3.415 longas-metragens. Desses, cerca de 70, ou seja, aproximadamente 2% apenas, foram voltados para o público infantil e familiar, sendo a metade produzido pelos “Trapalhões”.
Acreditamos que chegou a hora de propor para o Ministério da Cultura ações para o desenvolvimento do setor.
A Comissão reconhece a importância do edital Curta Criança, do Ministério da Cultura, mas considera ainda tímido o incentivo. Existem países, Dinamarca, Canadá, Holanda e outros, onde o valor investido em cinema infantil é superior a 15% do total de investimentos no cinema. Investir na formação audiovisual é primordial para o fortalecimento da identidade nacional.
Foi consenso entre os participantes dos encontros que a liberação de verbas para o segmento é imprescindível para aumentar a produção. Não existe produção porque não tem dinheiro. Acreditamos que pessoas que pensam, escrevem e se dedicam a filmes infantis existem e estão dispostas a expandir o setor, que precisa também definir a qualidade do conteúdo a ser produzido. O trabalho voltado ao público infantil merece uma atenção maior, pois se está produzindo conteúdo para pessoas em formação.
Seguem algumas sugestões para o desenvolvimento do setor:
• Criação de editais específicos voltados para este público, principalmente de desenvolvimnto de roteiros e de longa metragem.Criação de um selo de qualidade que identifique filmes bem recomendados para crianças e jovens;
• Implementação de linha de financiamento pra dublagem;
• Abertura de espaços nas TVs abertas para as produções independentes e de qualidade voltadas para este público;
• Reforçar e apoiar as iniciativas que já estão sendo feitas de aproximar as escolas aos projetos e festivais de cinema, como o que é feito pela Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis/SC; pelo Festival Internacional de Cinema Infantil; pelo Instituto Marlin Azul/ES; pela Oficina Cine Escola do Grupo Estação/RJ; pelo Cineduc/RJ e pela Multirio/RJ, além de outras iniciativas no país, na perspectiva de aproximar o público e de garantir o acesso de todas as crianças e jovens a uma formação cultural mais ampla;
• Investir na distribuição de filmes brasileiros no exterior, financiando a copiagem, legendagem e a divulgação internacional;
• Pesquisar os sistemas de exibição em outros países, como a França, que dá um sistema de créditos com acúmulo de pontos para os filmes de boa bilheteria, garantindo a próxima exibição
• Pesquisar formas de apoio governamental ao filme infantil em outros países.
Fizeram parte do 1º e 2º Encontros:
Assunção Hernandes (produtora de cinema / SP); Beatriz Lindenberg (Instituto Marlin Azul e Festival de Cinema e Vídeo de Vitória / ES); Carla Esmeralda (Coordenadora do Festival Internacional de Cinema Infantil / RJ); Felicia Krumholz (Mostra Geração do Festival do Rio / RJ); Luiza Lins (diretora da Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis); Marialva Monteiro (educadora e secretária executiva do CINEDUC); Pedro Rovai (produtor de cinema); Regina de Assis (educadora e presidente da Multirio); Tânia Lamarca (diretora de cinema); Maria Isabel Leite (pesquisadoras do GEDEST – Grupo de Pesquisa, Ensino e Extensão em Educação Estética / UNESC); Esther Faller ( produtora da TVE ) ; Carla Camuratti, ( cineasta e produtora ); João Batista Melo ( diretor); Andrés Lieban ( presidente da Associação Nacional de Animação) ;Karen Acioly ( diretora, atriz e produtora ) e Anna Karina Carvalho, ( produtora de festival para crianças ); Gabriel Guimard (representante do Portal da Cultura para Criança )