A 10ª Mostra de Cinema Infantil foi encerrada neste domingo com o show Música de Brinquedo, do Pato Fu. Uma semana antes, os ingressos já estavam esgotados. Nesta entrevista, a diretora geral da Mostra, Luiza Lins, fala sobre os 10 anos, sobre o aumento de mais de 60% no público, as políticas para o cinema no Brasil, o lançamento do Canal para a Infância e a projeção para a próxima Mostra.
A Mostra deu um salto este ano de público, de 25 mil em 2010 para 40 mil em 2011.
Na verdade, 42.166, mas este é o número que a gente consegue visualizar. Através do Canal, por exemplo, a repercussão é incalculável. Mas esse é o nosso desafio, fazer circular o cinema para a infância.
Houve repercussão do site www.filmesquevoam.com.br, que disponibilizou 33 filmes da Mostra para download gratuito? E a Caixa de DVDs, que contém os mesmos filmes? Está sendo distribuída?
Desde o lançamento, houve mais de 10 mil acessos, com interessados fazendo download gratuito no interior do Amazonas e no interior do Bahia, só para citar dois exemplos. Há registros de entradas de todas regiões brasileiras e de 12 países. Em relação às Caixas, elas foram distribuídas para cineclubes e Escolas. Há ainda uma cota, que pode ser distribuída, é preciso acessar o site www.mostradecinemainfantil.com.br e fazer a solicitação na página de contato.
Ainda sobre o crescimento de público, é possível identificar onde houve a expansão?
Pelas nossas projeções este aumento já era esperado, e representa uma ampliação de 60% de espectadores. Deste aumento de 17 mil, a maior parte ocorreu na Mostra Itinerante por 24 cidades do interior, que representou um público de 12 mil crianças. E na itinerância pela Grande Florianópolis, já realizada em edições anteriores, mantivemos um público superior a dez mil. Quer dizer, no Pedro Ivo – nosso principal local de exibição -, atendemos mais de 15 espectadores, e mais de 23 mil crianças na itinerância. Nesta conta não está incluindo ainda o show do Pato Fu, sessões do circuito realizado antes do início da mostra, oficinas, e os encontros políticos.
Ao chegar ao final da 10ª Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis, qual é a reflexão mais importante a ser feita?
A conclusão mais importante é que a Mostra se consolida como um festival de repercussão nacional. Houve quatro pré-lançamentos de filmes, incluindo Uma professora muito maluquinha, baseado no livro de Ziraldo, o homenageado deste ano. Mas é importante dizer também que a Mostra se tornou imprescindível para o Cinema Infantil brasileiro como um festival que estimula a produção e a circulação.
A próxima edição da Mostra está sendo pensada?
Eu acho que a próxima edição passa pela questão da circulação, ampliando a Mostra para outros estados. Até agora, o nosso papel era ser uma janela para o cinema infantil, Daqui para frente, é ampliar esta visiblidade e fazer o cinema para a criança circular em todo Brasil. Estamos estudando parcerias para a Mostra ocorrer em mais cidades de Santa Catarina e em outros Estados brasileiros.
Qual foi o principal resultado do 7º Encontro Nacional de Cinema Infantil?
Bem, houve a participação da secretária do audiovisual do MinC, Ana Paula Dourado. O que ficou muito claro neste encontro é que a secretaria deve investir na produção e também no lançamento dos filmes. Os dois longas que tiverem pré-lançamento na Mostra, Uma Professora Muito Maluquinha e Tainá 3, precisam de apoio do governo para chegar ao mercado com um bom número de cópias para disputar espaço nas salas com filmes norte-americanos. Há disposição da secretária para esta proposição.
E o Seminário Estadual de Cineclubismo, Cinema e Educação?
Na minha opinião, o Seminário chamou a atenção para uma questão muito importante ao estimular os cineclubes nas escolas, que pode estabelecer uma formação para o olhar das crianças para o cinema. As crianças, quando produzem um audiovisual, reproduzem a linguagem da televisão, os blockbuster norte-americanos. Os cineclubes exibem cinematografias raras e diversificadas, trazem convidados, promovem o debate. E os professores, por sua vez, precisam se informar também. Houve um crescimento grande da literatura que aborda o cinema e a educação.
Há investimento do governo federal no cinema para a infância?
No Brasil hoje há a produção de pelo menos 100 curtas por ano. De longas, não há mais do que três ou quatro. Em relação aos curtas há um dado significativo, resultado de uma política muito simples e com poucos recursos, que é o Projeto Curta Criança do MinC. É o único edital federal voltado para o cinema infantil no Brasil e tem um resultado muito bom. Em cinco anos de edital já há uma resposta muito positiva. São premiados 20 projetos de curtas por ano. A nossa grande questão com a secretaria do audiovisual é a criação de um edital para longas-metragens no Brasil para a infância.