Acontece neste sábado, 27 de junho, o 2º pitching de incentivo à coprodução internacional para longa-metragem infanto-juvenil. O produtor do melhor projeto irá a fóruns de financiamento no BUFF (Festival de Cinema para Crianças e Jovens de Malmö), na Suécia, e no Cinekid (Festival Internacional de Filme, Televisão e Novas Mídias para Crianças), em Amsterdã, na Holanda.
Nesta edição, participam longas do Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro e, também, da Argentina.
Para conhecer melhor as propostas dos projetos selecionados, o site da Mostra conversou com Camila Gonzatto (As Aventuras do Avião Vermelho), Melina Manasseh (Bugigangue no Espaço), Juan Pablo Buscarini (El Inventor de Juegos), Pedro Rovai (Taina 3) e Wilson Lazaretti (História Antes de uma História).Também participa o projeto Nautilus, da Indiana Produções Cinematográficas, do Rio de Janeiro. Os representantes do projeto Viaje a la Antartida, da produtora Encuadre/SC, da Argentina, também inscrito no pitching, desistiram da participação.
Saiba mais sobre os projetos que estão concorrendo pelos próprios realizadores:
***As Aventuras do Avião Vermelho (Camila Gonzatto e Frederico Pinto Ltda – RS)
SM: Qual sua expectativa sobre a participação no 2º pitching da Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis?
Camila: A nossa expectativa com a participação no Pitching é abrir possibilidades de parcerias de co-produção para o projeto As Aventuras do Avião Vermelho. Além disso, ao apresentá-lo para o público especializado em produção audiovisual infantil, estamos abrindo possibilidades de diálogo do projeto com outros meios.
SM: Quais os destaques do projeto de produção que será apresentado?
Camila: O grande diferencial é que o filme AS AVENTURAS DO AVIÃO VERMELHO é um projeto maduro e consistente. Em abril de 2009 o filme entrou em fase de produção, graças a um árduo trabalho de preparação e pré-produção que consumiu 4 anos de trabalho da equipe principal. A concepção artística do projeto está feita e, nesse momento, estão sendo gravadas as vozes de alguns personagens protagonistas: Lázaro Ramos, como Chocolate, Fernando Alves Pinto, como Lunar, e Wandi Doratiotto, como Ursinho.
Vale destacar que 55% do orçamento do filme já está viabilizado através da captação de recursos junto a importantes empresas brasileiras.
Acreditamos que o filme As Aventuras do Avião Vermelho tem perfil para o estabelecimento de co-produções internacionais, com o objetivo de complementar o plano financeiro do projeto, promover um intercâmbio profissional e otimizar o aproveitamento dos mercados internacionais na fase de comercialização. Contribui para isso o caráter universal da história do filme e os temas explorados: a relação pai e filho, a amizade, a descoberta de leitura, as aventuras de uma viagem, que são tópicos comuns as vivências de crianças de todo o mundo.
Outro ponto de destaque do projeto é o programa educativo que estamos desenvolvendo e começará a ser executado antes da finalização do filme.
SM: Qual a sua avaliação sobre a produção de cinema infantil hoje?
Camila: A partir dos esforços que o Governo Federal, entidades, televisões e festivais tem empreendido em favor da produção audiovisual infantil, a quantidade de filmes e séries de televisão para este público tem aumentado nos últimos anos. Mas, a produção ainda pode ganhar mais fôlego, já que os poucos filmes existentes tem bons números de bilheteria e um mercado em potencial muito grande.
***Bugigangue no Espaço (44 Toons Produções Artísticas Ltda – SP. Entrevistado:Melina Manasseh)
Site da Mostra: Qual sua expectativa sobre a participação no 2º pitching da
Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis?
Melina: Esperamos mostrar pela primeira vez o projeto do Longa “Bugigangue no Espaço”, animação 3D, que vem sido produzido pela 44 Toons e que será um dos grandes lançamentos do cinema brasileiro em 2010/11 com tecnologia de óculos 3D nos cinemas de todo Brasil.
SM: Quais os destaques do projeto de produção que será apresentado?
Melina: O filme trará muita aventura Sci-Fi, com uma turma bastante divertida de 7 crianças, 7 Etês trapalhões, um Etê esquecido e um vilão pra lá de maldoso e vingativo. A Bugigangue já existe desde 2000 no site: www.bugigangue.com.br, mas essa será a primeira aventura cinematográfica da turma. Eles irão enfrentar o mal e assegurar a paz na galáxia. Ufa, Que bom que eles estavam de férias! O roteiro recheado de momentos engraçados e de aventuras interplanetárias, aliado a direção de arte que trará elementos novos à narrativa, em cinemas onde a tecnologia 3D se faz possível, fará do lançamento uma grande oportunidade para oferecer longa metragem de animação inteiramente realizado no Brasil e que não deixa a desejar quando comparado aos filmes internacionais.
SM: Qual a sua avaliação sobre a produção de cinema infantil hoje?
Melina: Internacionalmente as produtoras reconhecem a importância cultural e as possibilidades de venda do produto audiovisual destinado ao público infantil. No Brasil, acredito que ainda esse mercado seja um pouco tímido, mas com grandes possibilidades de crescimento, uma vez que a animação está sendo vista como linha de produção que emprega e capacita inúmeros profissionais e desenvlove público crítico. A produção de longa metragem infantil com conteúdo desenvolvido em território nacional deveria ser indispensável para a produção de audio visual como um todo, seja essa animação ou ficção. Parabenizo o Festival pela oportunidade de participarmos do Pitching e podermos angariar forças para que as produções sejam realizadas com parceiras e possam atingir maior número de expectadores.
***Historia Antes da História (Núcleo de Cinema de Animação de Campinas – SP. Entrevistado:Wilson Lazaretti)
SM: Qual sua expectativa sobre a participação no 2º pitching da Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis?
Wilson: Nossa produção captou quase metade do que necessita para a realização em um ano e meio, graças ao trabalho do nosso produtor executivo. Vamos começar a concluir trabalho em agosto de 2010, com a possibilidade de lançá-lo em março de 2011. O que vamos precisar para a conclusão é um verba complementar para gravação da trilha sonora e distribuição. Embora estes itens estejam orçados no projeto, pretendemos trabalhar com mais folga financeira, se é que em cinema podemos utilizar esta palavra, pois a produção tornou-se um pouco mais rica e complexa do imaginávamos. Vamos contar com a orquestra sinfônica da Unicamp, Ná Ozzetti, Lora Brito, e estamos pensando em convidar Luiz Melodia, Ed Mota e Elsa Soares, além é claro da cantora lírica Adriana Giarolla Kayama. Além de uma participação de Gabriel García Márquez.
Wilson: A distribuição também é um item bastante importante, seja em cinema ou televisão, o folclore da distribuição nos faz crer que os europeus são mais organizados neste tema. Não só pela disponibilidade financeira, mas pelo gosto de seu público, que em princípio é culturalmente mais elevado.
SM: Quais os destaques do projeto de produção que será apresentado?
Wilson: Cremos que é uma produção para todas as idades, mas com foco no público infantil. O desenrolar da história passa por momentos em que as crianças vão sentir e outros momentos em que vão precisar do auxílio dos pais para completar suas interpretações. As canções vão do infantil ao mundo operístico e do simples traço à equações matemáticas que estão colocados no filme para ajudar a desvendar os mistérios de como se pode e Não como se deve fazer um desenho animado. Esta é também um pouco da história do Núcleo de Cinema de Animação de Campinas, cujo trato com a didática do cinema de animação tem mais de 34 anos. Não vamos vender nenhuma marca com a produção, nosso tema é cultural para enriquecer o conhecimento da criança brasileira. Temos na produção, também textos em latim e furamente teremos um personagem falando nheengatu (a língua geral dos índios).
SM: Qual a sua avaliação sobre a produção de cinema infantil hoje?
Wilson: Temos muitas coisas, mas o que impera é aquilo que se quer e o que se pode fazer. As TVs brasileiras quando querem não podem e quando podem não querem produzir programas que não subestimem a capacidade de discernimento do universo infantil. De olho no mercado dificilmente vamos obter bons produtos de qualidade cultural. As séries para TV acho que escravizam demais as crianças, onde para se dizer algo de positivo a criança passa por um massacre consumista, o que não é justo. Se quisermos sair da crise, temos fatalmente de refletir sobre a sustentabilidade e a indução da criança ao consumo desncessário vai causar destruição. Já estamos vivendo este caos. E para vê-lo, basta dar um passo fora e outro para dentro de nossa porta.
Mas a esperança não morre ela surge cabalida, ferida entre escombros, enfim, renasce e por renascer é que devemos cuidar melhor de nossas crianças.
***El Inventor de Juegos (Pampa Films S.A. – Argentina. Entrevistado: Juan Pablo Buscarini)
Site da Mostra: Qual sua expectativa sobre a participação no 2º pitching da Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis?
Juan: Para mim é uma grande novidade participar de um evento e me despertou muitas expectativas. Estou convencido da necessidade de nos integrar com Brasil e Europa para poder desenvolver longas infantis com standarts artísticos e técnicos internacionais. Poder apresentar meu projeto “El Inventor de Juegos” e receber um feedback de outros produtores será muito importante.
SM: Quais os destaques do projeto de produção que será apresentado?
Juan: Ele está baseado em um excepcional romance do escritor argentino Pablo De Santis, e foi editado em vários países. Apresenta um tema universal: os jogos de mesa. E através do protagonista, Ivan, um menino de 12 anos que herdou a tradição dos maiores criadores, nos leva por uma trama de intriga e fantasia. É uma história que excede o público alvo primário de 8 a 15 anos, para o qual foi escrito o livro. Por sua inteligência, e por recuperar toda a fascinação do universo lúdico, tenho certeza que será um filme que os adultos também disfrutarão. Um genuíno “family-movie”.
SM: Qual a sua avaliação sobre a produção de cinema infantil hoje? No Brasil ou no mundo?
Juan: O cinema infantil tem uma dominação crescente das produções geradas em Hollywood. Isso não é saudável. Em todos os países e culturas existem histórias e personagens muito ricos que devem também transcender através do cinema. Minha experiência na Argentina é que se são oferecidos filmes de bom nível criativo e um nível adequado de produção, o público local responde muito favoravelmente. Os pais gostam de levar seus filhos ao cinema e ver bons filmes nacionais. Mas esse desafio se tornou mais complexo diante dos custos de produção, mas ainda quando os standarts técnicos colocados por Hollywood são tão elevados. É imprescindível se integrar com outras cinematografias para gerar boas coproduções.
***Tainá 3 – (Sincrocine/Tietê Produções Cinematográficas/RJ – Entrevistado: Pedro Rovai)
Site da Mostra – Qual sua expectativa sobre a participação no 2º pitching da Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis?
Pedro Rovai: O Festival de Cinema Infantil de Florianópolis inova ao abrir esse espaço do pitching para os projetos independentes do Brasil e América Latina. Uma prática ainda pouco utilizada no Brasil, ao contrário dos países da Europa, é um excelente exercício para o realizador , uma rica experiência para quem participa e também para o público que acompanha. Pra nós, ter essa possibilidade de apresentar Tainá 3 ao público de Santa Catarina, à curadoria e aos colegas presentes, é uma grande satisfação, pois TAINÁ 3 é um projeto esperado, não apenas por nós, produtores, mas pelos adolescentes que assistiram TAINÁ 1 ainda crianças, pelos pais, que acompanharam os filhos e por toda uma nova geração que virou fã da indiazinha a partir das exibições em DVD ou na televisão.
SM: Quais os destaques do projeto de produção que será apresentado?
PR: O que destaca e particulariza Tainá, e o que nos enche de orgulho, é que o projeto tem como protagonista uma criança indígena. Além de diversão e entretenimento, Tainá 3 é também um projeto com conteúdo: politicamente, ecologicamente e socialmente corretos, o que consideramos um diferencial, não apenas para o público brasileiro, como também como um ponto positivo para a promoção do filme nas telas internacionais. Outro destaque é que o filme será rodado na Amazônia, apresentando para o público infantil imagens bem diferentes das que costuma ver em seu dia-a-dia. Novas cores, novas emoções, despertanto a fantasia, personificando elementos que habitam o imaginário infantil, como a selva, os bichos, os rios, os índios.
SM: Qual a sua avaliação sobre a produção de cinema infantil hoje?
PR: A produção de audiovisual voltada para o público infantil no Brasil ainda está muito voltada para programas televisivos e/ou educativos. Ao contrário do mercado norte americano e europeu, onde há um grande investimento de produções voltadas para esse público. Bem aos poucos o Brasil percebe a importância de produzir para as crianças, afinal, esse público que assiste a uma produção nacional quando pequeno tem chances de voltar a sala de cinema, já adulto, acreditando e prestigiando o cinema brasileiro. É uma questão de formação de platéia, de identidade, possibilitando ao público jovem ver na telona não apenas conteúdos internacionais, mas também se reconhecer ali, nos filmes brasileiros, com nossa realidade, nossas pluralidades e peculiaridades. É um grande incentivo e uma revolução nessa forma de pensar o audiovisual no Brasil. As empresas patrocinadores, aos poucos, também sentem a importância de terem seus nomes associados a produtos audiovisuais para crianças. Esperamos que essa produção cresça cada vez mais. Tainá também.
Galeria de fotos: 2º Pitching do Cinema Infantil
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