A programação da manhã deste sábado, 26 de junho, iniciou com a Sessão Diversidade Brasil, às 10h, no Teatro Pedro Ivo. Na plateia adultos e crianças assistiram a exibição de oito curtas-metragens da Mostra Competitiva, que foi seguida por bate-papo com o diretor carioca Alexandre Bersot, de “Imagine uma menina com cabelos de Brasil…”, e o catarinense Eduardo Drachinski, de “Doce turminha e a bola cor de chiclete”, apresentados na ocasião.
Alexandre, que trabalha com ilustração e design e faz animação nas horas vagas, expôs sua surpresa com a resposta positiva das crianças. Segundo ele, a animação não foi pensada para ser algo exclusivo ao público infantil, justamente por não ter um suporte pedagógico. O filme, feito de forma simples, sem cenários e com poucas cores, apresenta o cabelo como uma fronteira e traz a mensagem da aceitação. “Tenho duas sobrinhas que nunca estão felizes com seus cabelos, então resolvi brincar um pouco com isso”, conta. Repleto de elementos geopolíticos, as crianças podem visualizar países e mapas pelas madeixas das personagens, bem como as diversas formas de preconceito entre países desenvolvidos e em desenvolvimento. Tudo isso, de forma divertida. O curta foi premiado recentemente no Festival Locomotiva, em Garibaldi (RS), como melhor filme de animação infantil, segundo o júri popular.
Pela segunda vez na Mostra, Eduardo Drachinski, que estreou em 2008 com o curta “Bom Samaritano”, também detalhou seu novo trabalho. “Doce turminha…” é uma produção familiar, seu pai criou os personagens, enquanto ele ficou responsável pela animação. O diretor se orgulha por não ter se rendido totalmente à tecnologia. Seus desenhos são feitos à mão, na mesa da luz, sempre atendo a arte e aos acabamentos. Para ele, a melhor forma de se aproximar do público infantil, é através da aventura, narrando situações complicadas que se resolvem até o final. “Ao mesmo tempo, buscamos passar mensagens positivas e que os pequenos possam levar para a vida”, destaca.
Ao longo do bate-papo, os diretores falaram ainda sobre as dificuldades e desafios do fazer cinema, a importância dos festivais para a formação de público e para o reconhecimento de produções que estão fora do circuito comercial. Edson Quint Jr. e Alex de Freitas, produtores independentes de Santa Catarina, acompanharam toda a atividade e saíram do teatro satisfeitos. “Acho muito válido este espaço para a conversa, pois propicia uma aproximação com pessoas que estão atuando direto nesta área, conta Edson que pretende inscrever um filme de animação que está finalizando, na próxima edição da Mostra.
A criançada presente também curtiu a sessão, a pequena Laura, de 4 anos, veio acompanhada da mãe Traudi. Apesar da pouca idade, comentou os filmes como gente grande, e respondeu prontamente quando foi questionada sobre qual filme mais prendeu sua atenção: “Gostei desse da bruxinha”, falou apontando para a imagem do filme “Trudi e Kiki” que aparecia em frente à urna de votação. Acostumada a assistir muitos filmes, segundo sua mãe, essa foi sua primeira vez no evento: “Pretendo trazê-la nos próximos anos”, diz a mãe.
Para Maria Aparecida Silveira, mãe de dois meninos, essa não é primeira vez na Mostra de Cinema Infantil: “Já os trouxe antes, e pretendo continuar vindo nos próximos anos”. Maria comentou ainda que o filme “Menina Mofada” chamou sua atenção não só pela produção em si, mas pelo contexto da história: “Acho muito interessante a política e a argumentação por trás dos filmes”. Os filhos Adrian e Bruno, de 6 e 5 anos, gostaram do curta “Carrapatos e Catapultas”. Enquanto votava, Adrian falou: “Gostei mais desse filme. Me diverti na parte em que ele fica doido pela televisão”.
Crédito das fotos: Cleide de Oliveira
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