Animadores e produtores debatem oportunidades da Indústria Criativa

O crescimento e o potencial de expansão do mercado de animação no Brasil foram algumas das pautas debatidas na abertura do 1º Encontro da Indústria Criativa da Região Sul – Animação, Games e Conteúdo Infantil, neste sábado, 20.

Entre os convidados, o diretor do festival Anima Mundi, Cesar Coelho; o designer-chefe da Maurício de Sousa Produções, Bruno Honda; Jonas Brandão, do Split Studio; Leonardo Minozzo, do Santacine, e Arthur Nunes, da Plot Kids. Promovido pela Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis, o encontro vai reunir grandes produtoras e estúdios de conteúdo infantil e importantes nomes do mercado de animação até o próximo sábado, 27, na ACATE – Associação Catarinense de Tecnologia.

O animador Cesar Coelho, diretor e um dos criadores do Anima Mundi, o Festival Internacional de Animação do Brasil,  destacou que “espaços como esse são o cimento da indústria, o cimento do mercado, onde conseguimos traçar rumos e objetivos e avaliar o que foi feito”. Na opinião dele, “precisamos de mais escolas de animação e escolas aprofundadas neste setor. Isso precisa de investimento. Em uma indústria aquecida, os profissionais experientes de animação estão todos ocupados. Santa Catarina tem grandes estúdios, mas os profissionais acabam  se profissionalizando e migrando para outros países que funcionam na base de ‘reputação’, como Canadá, França e Japão”, afirma Coelho, completando que é preciso pensar a longo prazo em termos de animação e pensar neste polo criativo”.

Para se ter ideia da expansão do mercado de animação no país, há 10 anos a indústria nacional não tinha nenhuma série no ar. Hoje, são pelo menos 45 programas brasileiros no ar. “Até 2015, tinham sido produzidos 30 longas-metragens de animação no Brasil. De 2015 para cá, entre filmes lançados e em produção, temos mais de 35”, lembrou Coelho.

Já Jonas Brandão, da Split Studio, destacou alguns dos principais gargalos do mercado no Brasil. “Temos muita dificuldade de encontrar mão de obra para produção. O que costumamos fazer é treinar os profissionais, o que envolve tempo e investimento. Por isso também vejo com muito bons olhos o surgimento de empresas e de estúdios pelo Brasil afora. Precisamos ultrapassar esses gargalos de capacitação profissional e capacidade de entrega”, explica.  

Indústria Criativa da Região Sul

Segundo levantamento recente da Fiesc, Santa Catarina tem a quarta maior indústria criativa do país. Para se ter ideia, são 1,5 mil empresas em Santa Catarina que geram quase 10 mil empregos diretos. Para Luiza Lins, diretora da Mostra de Cinema Infantil e realizadora do 1º Encontro da Indústria Criativa da Região Sul, os números comprovam a importância da iniciativa e demonstram o potencial da indústria criativa de impulsionar outros segmentos industriais. “Mas, para além das estatísticas, é preciso refletir sobre o conteúdo que estamos transmitindo para o público infantil. Para isso, precisamos ultrapassar o uso da linguagem audiovisual como mercadoria e provocar uma reflexão crítica nos produtores, realizadores e no público. Precisamos que esse mercado em desenvolvimento produza conteúdos que qualifiquem a educação, que sejam auxiliares às práticas educativa e cidadã das nossas crianças. Porque pensar em conteúdo para criança é também pensar na construção de um país melhor em todos os sentidos”, disse.

De acordo com Luiza, o encontro veio para ficar. “Uma cidade amigável para a criança. Acho que a indústria criativa pode contribuir para isso, para tornar Florianópolis um polo criativo de referência na produção de conteúdo infantil”, defende a diretora.

Arthur Nunes, também curador do encontro, destacou que a linha principal do encontro é a de amadurecimento. “Faremos uma semana de imersão para pensar e debater essa indústria que está latente e em expansão. E desde já nos comprometemos a fazer todo o ano esse encontro, cada vez mais robusto, com olhar para o Brasil”, destacou.

Durante a semana, até o próximo sábado, 27, serão realizadas oficinas, laboratórios, painéis e palestras com grandes nomes do mercado de animação e games. O Senai, uma das entidades parceiras do encontro, também promove a 6ª Semana da Indústria Criativa, com oficinas e palestras gratuitas para provocar os alunos que estão começando na área de desenho, animação e jogos.  

Referências do mercado nacional de animação

O diretor de animação Walbercy Ribas, uma das grandes referências no mercado nacional de animação, recebeu uma justa homenagem pelos 50 anos de trabalho. A carreira nos desenhos animados de Ribas começou em 1959, quando a animação e o giro de câmera eram feitos à mão. Neste domingo, 21, às 20 horas, Ribas vai conversar com os participantes do encontro sobre sua trajetória.

Outro homenageado, o cartunista e empresário Maurício de Sousa gravou um depoimento em vídeo celebrando a homenagem e a luta dos animadores brasileiros. “A animação tem um histórico de luta no Brasil e estamos todos trabalhando para dar continuidade aos avanços nesta área”, disse saudando os participantes deste primeiro encontro. Também na programação deste domingo, 21, das 18h às 18h45, Bruno Honda, designer-chefe da Maurício de Sousa Produções, vai falar sobre o processo criativo na empresa.


Publicado em 14 novembro 2018


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