As animações do cineasta Tomm Moore resgatam lendas do folclore irlandês

Para fechar o ‘Encontros do Cinema Infantil’ da Mostra, o cartunista e diretor de animação bateu um papo com Flávia Guerra e Andrés Lieban. 

Wolfwalkers do diretor Tomm Moore

“O folclore é algo vivo e precisa ser compartilhado para que não desapareça”, assim Tomm Moore, um dos grandes expoentes da animação mundial deu início à sua participação no ‘Encontros do Cinema Infantil’ no penúltimo dia da Mostra. O cineasta que tem como premissa dar vida às lendas irlandesas mostrou os principais projetos da carreira, da pré-produção à finalização.

Tomm é co-fundador da Cartoon Saloon, uma produtora de animações irlandesa criada em 1999 e já teve 4 indicações ao Oscar, BAFTA, Globo de Ouro e Emmy. Só com esse currículo já dá pra ter uma noção da qualidade das produções do cartunista e de sua equipe que Tomm fez questão de apresentar durante o bate-papo. Um time de peso com experientes diretores e produtores. “Nunca tive o sonho de me tornar milionário fazendo isso, apenas desejei trabalhar em um ambiente em que as pessoas pensasse de maneira parecida”, afirmou Tomm. 

Entretanto, nem sempre tudo foi tão animador. Tomm formou-se em animação na Universidade de Dublin, no início reunia-se com outros jovens cineastas em um canto da faculdade para criar projetos. “Nós sobrevivíamos fazendo curtas e comerciais e ao mesmo tempo íamos produzindo algo mais longo. O esboço de ‘Segredo de Kells’ começou a ser feito nessa época”, contou Tomm.  

Wolfwalkers, 

Inspirado em um livro celta, o longa de animação ‘Segredo de Kells’ saiu do papel em 2005 depois de conseguirem uma verba para produzi-lo. “Deu um trabalhão, sempre que tínhamos oportunidade trabalhávamos no roteiro que foi inspirado na mitologia irlandesa”, relembrou. 

O filme foi lançado em 2008 e aos poucos foi ganhando reconhecimento e sendo premiado em festivais de animação. “O festival infantil de Nova Iorque nos acolheu e logo depois fomos indicados ao Oscar e aí tudo mudou”, contou o cineasta. Com mais visibilidade, convites para trabalhar em grandes estúdios começaram a aparecer, mas a equipe já estava focada na produção de ‘Canção do Mar’ que também foi indicado ao Oscar de Melhor Animação em 2015.

Como em todas produções, ‘Canção do Mar’ também foi inspirado em uma lenda irlandesa. “Eu lembro que estava numa praia com meu filho desenhando e tinha orcas mortas na areia, perguntamos para algumas pessoas o que havia acontecido e nos disseram que os pescadores estavam matando as focas porque achavam que elas estavam comendo peixe demais, mas isso é errado. Eles querem pescar tanto que não conseguem nem compartilhar com outros animais. Aí eu me lembrei de uma lenda em que as focas eram consideradas amigos dos pescadores, eram as almas de quem tinha se perdido no mar. Assim nasceu o filme”, revela Tomm.

Com outra indicação ao Oscar, o cineasta e sua equipe decidiram continuar a produzir de forma independente. O último projeto finalizado é o Wolfwalkers, com data de lançamento para 11 de dezembro na Apple TV. 

“Resolvemos fazer um filme não como um trilogia, mas com o espírito da trilogia. A ideia era fazer um filme baseado no folclore da cidade onde nasci. A história sobre lobos, os pagãos que não queriam se converter ao catolicismo…O triste é que esse folclore morreu, então resgatamos essa lenda”, destaca o cineasta. 

Quando perguntado sobre o interesse em fazer animação no Brasil, Tomm respondeu: “eu tenho vontade contar histórias indígenas, fiz um curta pro Greenpeace agora então tive que pesquisar sobre a Amazônia, os índios, mas eu estou mais interessado em ver animadores dessa região contando essas histórias”, finalizou.

Confira o bate-papo completo aqui.


Publicado em 27 novembro 2020


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