Cenas filmadas de vários ângulos, câmera fixa e na mão, planos abertos, médios e closes. Tudo para realizar um filme pensado inteiramente pelo grupo de crianças da oficina Produção de Audiovisual para Crianças, da 14ª Mostra de Cinema Infantil. As gravações aconteceram neste sábado, dia 13, no hall de entrada do teatro Pedro Ivo, transformado num set de cinema.
Para despertar a imaginação da turma com crianças entre 5 e 12 anos, os oficineiros Rita da Silva e Kurt Shaw colocaram duas músicas do Dorso do Rinoceronte para os pequenos escutarem. A canção “Meleca” foi escolhida pelo grupinho, que, a partir dela, construiu uma história, montou um roteiro e filmou. Esse mesmo grupo formou o elenco. “O personagem do Vitor pegou gripe e passou para mim. Eu espirrei em todo mundo e depois sai correndo atrás deles”, conta Felipe, 9 anos, que interpretou o Monstro da Meleca.
Depois das filmagens, os pequenos desenharam e pintaram imagens relacionadas à história do filme. Vitor, 9 anos, por exemplo, fez o monstro da meleca e um nariz com meleca – um close. Helena, de 5 anos, também desenhou “o ‘moço’ da meleca e uma casa para ele”. Os desenhos de todos os participantes da oficina serão utilizados na montagem. Alguns ganharão animação.
Reconhecimento através da câmera
“O cinema é uma forma de as crianças se verem e se pensarem através da câmera”, observa Rita, antropóloga que trabalha com o público infantil há quase 10 anos, pontuando que esse é um dos objetivos da oficina de Produção de Audiovisual para Crianças.
Kurt Shaw, que ministrou a oficina ao lado de Rita, ressalta que “uma das coisas mais importantes é o reconhecimento”. “As crianças querem ser vistas e tem medo de serem invisíveis. O cinema institucionaliza o reconhecimento”, afirma. “E a criança não tem controle sobre esse reconhecimento, que pode se dar de várias maneiras. No cinema ela tem oportunidade de se mostrar como gostaria de ser visto”, explica.
Confira o vídeo final em base da música de No Dorso do Rinoceronte: