Diretores de “Tito e os Pássaros” falam sobre o mercado de animação

Na tarde desta quinta-feira, 5, a Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis reuniu os diretores de “Tito e os Pássaros” para um bate-papo com produtores, animadores e público adulto do festival. A iniciativa busca debater a produção infantil e aproximar o público adulto da Mostra. “Da mesma forma que fomentamos o cinema para crianças, penso que é interessante levantar esse debate, sobre o que é produzir animação para o público infantil, com os criadores e público adulto”, disse Luiza Lins, diretora da Mostra de Cinema Infantil, ao abrir o bate-papo.

André Catoto Dias, Gustavo Steinberg e Gabriel Bitar começaram a pensar no longa-metragem de animação há sete anos e em 2012 deram início ao roteiro. Com um orçamento de 5 milhões de reais, o projeto começou a ser desenvolvido em agosto de 2015, a produção aconteceu em 2017 e a finalização terminou este ano. “Tito e os Pássaros” foi realizado em 2D, tem 80 minutos de duração, e terá sua pré-estreia no Brasil no Anima Mundi.

 

Selecionado na Mostra Competitiva do Festival de Annecy 2018, o mais importante evento dedicado ao formato de animação no calendário internacional, o filme conta a história de Tito, um menino de 10 anos empenhado em combater uma epidemia de medo que deixa as pessoas assustadas e doentes. A exibição em Annecy rendeu convite a vários festivais e o filme já foi vendido para a China e está sendo negociado com os Estados Unidos e França. “O filme é esteticamente ousado e pode ser lido em diferentes níveis, tanto da metáfora, como da aventura”, avalia o produtor Gustavo Steinberg.

Sobre a evolução do projeto animado, Steinberg lembra que no começo a estética do filme era mais pesada. “Então fizemos um grupo focal de leitura de roteiro com crianças, inclusive encenando o filme para uma plateia de crianças para ter esse feedback. O fator medo, presente no filme, era uma das preocupações”, disse. Quando questionado sobre as referências para a criação do projeto, André Catoto Dias reflete que o audiovisual não referencia o audiovisual. “As referências que busco para a criação estão no cinema, no teatro, na literatura. Em geral, as minhas referências estão na fonte”, disse Catoto.

Os diretores conversaram sobre o desenvolvimento visual do projeto, da arte aos personagens, apresentaram layouts, falaram da pintura digital, efeitos especiais, cenários, movimento de câmera e composição de cenas.

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Mercado de animação no Brasil

Em 2017, foram lançados sete longas de animação nacionais, além de outros 25 que estão em fase de produção. O mercado de séries animadas também cresceu e registrou 44 novas produções nos últimos dez anos, formato inédito no Brasil até oito anos atrás. Neste ano, o Festival de Annecy, que aconteceu de 11 a 16 de junho na França, homenageou o Brasil. Foram exibidos três programas de curtas, um programa de séries para a TV e filmes institucionais brasileiros, todos organizados em parceria com o Anima Mundi. Além do longa “Tito e os Pássaros”, outros filmes e produções nacionais contaram com exibições especiais e o festival sediou, ainda, uma exposição sobre o cinema de animação no Brasil.

Em Santa Catarina, a indústria de animação é um nicho de mercado em expansão. Há 17 anos levando as produções infantis às telas, a Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis vem acompanhando esse boom de mercado. Ao longo desses anos de exibição e promoção do cinema infantil, a mostra já apresentou cerca de mil filmes, sendo aproximadamente 600 produções de animação.

 

Texto: Manoela de Borba

Fotos: Carolina Arruda



Publicado em 05 julho 2018


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