O lançamento da edição fac-similar de “Novos contos”, livro de contos escrito pelo catarinense Rogério Sganzerla, em 1954, abriu o último dia da 17ª Mostra de Cinema Infantil. A reedição, realização independente da Miríade Edições em parceria com Grafatório, traz, além dos quatro contos escritos por Sganzerla, uma carta escrita pela mãe e uma foto de Rogério ainda criança. A obra foi escrita pelo catarinense aos oito anos de idade e é considerada o primeiro livro infantil da cidade de Joaçaba (SC).
Devido à admiração por Rogério Sganzerla, Gabriela Bresola, editora à frente da Miríade Edições, teve a ideia de fazer a edição fac-similiar de “Novos contos”. O desejo era antigo e a ideia saiu do papel após conversar com Zenaide Sganzerla, mãe de Rogério. “A gente resolveu fazer a edição fac-similar porque todo mundo conhece o cineasta marginal e maluco que ele foi, mas a infância dele é muito curiosa. Ele fazia apresentações de mágica na casa dele, ia ao cinema assistir várias vezes ao mesmo filme, ele era uma criança excêntrica da época”, explica.
Os exemplares foram impressos em tipografia e os envelopes que os envolvem possuem carimbos e selos criados pela equipe Grifatório, de Londrina (PR), com falas do próprio Rogério e de filmes produzidos por ele. A reedição também será lançada em Londrina (PR), Joaçaba (SC), São Paulo (SP) e Rio de janeiro (RJ). A Mostra de Cinema Infantil é o único evento voltado ao público infantil em que o livro será lançado. Para Gabriela, “é propício lançar em um lugar que tem crianças interessadas por cinema e que de alguma forma também podem vir a escrever”.
José Barancelli, colaborador da reedição, também estava presente no evento e falou sobre a experiência de participar do projeto. “No primeiro dia que eu conheci a Gabi, ela me levou na casa do Rogério para ver a edição original de Novos Contos. Chegando lá, encontramos Ângelo [irmão de Rogério], depois marcamos entrevista com a Zenaide [mãe do Rogério], que foi muito solícita”, conta. José acrescentou “foi legal porque você está ali conversando com a mãe do Rogério Sgazela e ouve ela falando dele como ‘o meu menino’, aí você fica imaginando que dali surgiu um baita cineasta. Foi muito legal fazer parte desse trabalho!”.
Aos oito anos, Rogério reuniu a pequena coletânea de contos que escrevia em pedaços de papéis e guardava na escrivaninha e foi até uma tipografia de Joaçaba para imprimir e transformá-los em livro. Com a autorização dos pais, a ideia se concretizou. Rogério continuou a carreira escrevendo sobre cinema e fazendo filmes.
Texto: Ana Luiza Fernandes
Fotos: Carolina Arruda