“Jonas e o circo sem lona”: um documentário sobre a capacidade de sonhar

“Jonas e o circo sem lona”, primeiro longa de Paula Gomes, é a atração da Sessão Jovem Longa Nacional, que acontece neste sábado (1), às 18h30. Exibido em mais de 20 países e vencedor de doze prêmios, o documentário conta de forma afetiva a história do garoto de 13 anos que monta seu próprio circo no quintal de casa. Contrariando a mãe que abandonou o circo, justamente para que o filho estudasse, Jonas deseja um mundo que não cabe nas paredes da escola formal. É um filme que aborda não somente o fim da infância, mas também provoca reflexões sobre a capacidade de sonhar depois dela.

“A família abandonou o circo quando Jonas tinha quatro anos, mas ele nunca se acostumou. Fiquei amiga da mãe dele. Com onze anos ele me ligou e disse ‘Paula, agora sou dono de circo’, conta a diretora em entrevista.

A amizade com a família começou em 2006 quando Paula fazia uma imersão no universo circense da Bahia para filmar os curtas Noite de Marionetes e Piruetas. “Ficamos encantados com a história. O sonho dele nos inspirou muito”, revela a realizadora.

Jonas é filho e neto de artistas de circo. No seu circo improvisado, ele coordena os números, prepara os figurinos, a música e controla os ingressos. O espaço é frequentado pelos moradores do bairro pobre onde vive, na Bahia. O adolescente pretende abandonar a escola para se juntar ao tio e viver em um circo itinerante.

Durante dois anos, Paula viveu o cotidiano de Jonas e sua família para atingir um grau de proximidade que permitisse captar gestos espontâneos. “Passamos a não ser percebidos. Entramos na rotina deles”.

 

Paula Gomes e Jonas

Paula Gomes e Jonas

 

Infância e sonhos

A abordagem sensível suscita uma crítica ao sistema de educação formal por esse apresentar uma uniformidade que não contempla as diversas realidades das crianças. Reflete ainda sobre o desejo do artista de promover a arte mesmo em contexto adverso. “O circo é uma metáfora da vida, traz a ideia de liberdade e a vontade de ser como a gente deseja e não como o mundo quer. No circo existe a possibilidade de voar. É o lugar onde se coloca os sonhos, mesmo quando a vida exige mais responsabilidades e desafios”.

A relação profunda com história mudou a forma da diretora de ver o cinema. “O filme mexeu com a infância que trago comigo. O fim da infância é triste, a gente se transforma, e o circo no quintal representa essa infância que acaba, mas queremos que continue viva. É uma história preciosa”.

 

Principais prêmios

Premio TFI Arts Fund, concedido pelo Tribeca Film Institute (NYC, EUA)
Prêmio do Público no Festival Cinélatino Reencontres de Toulouse 2016
Prêmio Especial do Júri do DOCSDF, México
Prêmio Destaque do Cine Esquema Novo 2016
Prêmio “Most Remarkable Young Person on Screen” no Harlem International Film Festival (NYC, EUA)
Menção Honrosa do Júri do Cachoeira Doc 2016
Prêmio Correio / Walter da Silveira no Festival Panorama de Cinema 2016 – destaca a personalidade Jonas Laborda, revelação como protagonista do documentário baiano Jonas e o Circo sem Lona, de Paula Gomes.
Menção Honrosa pelo Público Jovem no Festival Panorama de Cinema 2016 – Paula Gomes, diretora de Jonas e o Circo sem Lona.
Melhor Longa pelo Júri Especial no Festival Panorama de Cinema 2016: “Jonas e o Circo sem Lona, de Paula Gomes


Texto: Paula Guimarães 


Publicado em 30 junho 2017


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