A Conversa com tema “Séries de animação para todas as infâncias” teve como convidados Aída Queiroz, Hygor Amorim e Renato Noguera.
Na tarde de sexta-feira (18), o 10º Circuito de Cinema Infantil realizou a última Conversa do evento. Com o tema “Séries de animação para todas as infâncias”, o debate contou com a participação de Aída Queiroz, Hygor Amorim e Renato Nogueira, todos atuantes em produções de animação brasileira.
Os participantes compartilharam os trabalhos em que atuam e mostraram como se dá o processo de produção de uma série de animação antes de ser exibido nas telas. Hygor Amorim exibiu trechos de seu trabalho mais recente, a série de animação infantil Mytikah – O Livro dos Heróis. A série conta a história de 13 super heróis brasileiros que não vestem capas, como Aleijadinho, Dandara e Zumbi dos Palmares, Machado de Assis, entre outros, através de dois personagens, Manga e Leko.
“Nossa ideia ao criar a série é fazer um contraponto com o consumo exacerbado dos quadrinhos americanos e mostrar que o Brasil também tem super heróis e não necessariamente usam capas, usam a arte, a resistência, o diálogo…”, afirmou Hygor. E completou: “Temos que falar da importância de representar a diversidade, o valor da cultura brasileira, da nossa identidade em animação para as crianças e de como isso ajuda na formação da identidade deles”.
Em um mundo atual que se movimenta através do audiovisual, Aída deu ênfase no poder da animação. “A animação cabe dentro desse universo do audiovisual porque tem grande capacidade de comunicar e um retorno imediato de mensagens que quer passar. Trabalhamos com metáforas, com criação, é uma linguagem que permite trazer coisas de um universo que normalmente não se tem acesso de forma geral, mas com animação é possível criar”, afirmou.
Aída que é diretora de criação da série ‘Mulheres Fantásticas’ exibida no programa Fantástico da Rede Globo, falou da importância da representatividade feminina na área do audiovisual.
A diversidade como protagonismo no audiovisual
O terceiro convidado a falar foi Renato Noguera, roteirista do projeto multimídia Nana & Nilo. Junto com Sandro Lopes, vítima da Covid-19 em abril deste ano, criaram a série de animação que se tornou referência quando o assunto é diversidade no audiovisual.
“Eu e o Sandro nos conhecemos em 98, somos amigos há mais de 20 anos. Sonhamos juntos o Nana & Nilo, que vai continuar e meu sonho é que se torne uma série”, contou Noguera.
No Brasil, a maioria da população é composta de pessoas pardas e negras, mas com pouca representação no audiovisual brasileiro. “Sabemos da necessidade de ter a composição étnico racial nas telas, mesmo assim ela não é representada nas telas. Com Nana & Nilo não queríamos só pintar de preto, mas trazer universos culturais a partir dos povos indígenas e africanos”, afirmou.
A animação é uma área que chama atenção das crianças e que pode facilmente ser levada para dentro das salas de aula. “Nana & Nilo é direcionado também para as escolas, para pensar em sala de aula os mundos verdes e os mundo possíveis, fazendo uma relação entre meio ambiente e as histórias afro brasileiras”, destacou.
Por fim, Noguera falou da importância do protagonismo infantil na sociedade. “As crianças precisam se reconhecer como seres que têm direitos e que devem opinar na vida social, política. Elas merecem escuta, isso é fundamental e para que essa cidadania seja plena tem que ampliar esse repertório”.