Cerca de 130 pessoas compareceram ao Centro Integrado de Cultura para a atividade, que também contou com o lançamento da série Gente Verdadeira, de Chico Faganello
A abertura para adultos e professores faz parte da programação da Mostra de Cinema Infantil e marca o início de um período em que toda a cidade respira arte, cultura e cinema.
Convidada muito esperada desta edição, Eliane Potiguara conversou com o público sobre o tema “A cura da Terra só é possível pela alegria das crianças” e trouxe reflexões importantes sobre a cultura do respeito, da valorização do outro, das próprias tradições.
A escritora, poeta e professora é da etnia Potiguara e em 2021 recebeu o título de Doutora Honoris Causa pela UFRJ, onde estudou no início da década de 70. É a 1ª mulher indígena a recebê-lo no Brasil.
Uma abordagem inédita da infância indígena
Meninas e meninos que ainda não nasceram e, de dentro da barriga das mães grávidas, narram como são as comunidades onde vivem: assim são as histórias retratadas na série Gente Verdadeira, de Chico Faganello, que mostra as diferentes infâncias indígenas em todo o Brasil.
Lançada durante a Abertura para Adultos e Professores, a obra foi amadurecendo ao longo de duas décadas de estudos e interações com comunidades indígena, onde profissionais e lideranças locais trabalharam lado a lado para construir narrativas que dão voz às crianças.
“Nós, lamentavelmente, ainda temos a imagem do índio genérico e a gente está perdendo uma grande oportunidade de aprender com essas pessoas”, compartilhou Chico Faganello, diretor geral. Em 2025, o produtor lançará As Aventuras de Makunaima para crianças, por meninos e meninas indígenas.
A série é composta de 13 episódios: Pataxó, Kaapor, Wai Wai, Ingarikó, Cinta Larga, Omágua-Kambeba, Makuxi, Guarani, Kaingang, Laklano-Xokleng, Awa Guajá, Parque das Tribos e Marcha das Mulheres. Cada um deles em um território diferente e todos têm a versão na língua indígena e em português.
“Os povos indígenas já lutaram muito tempo com as flechas, e hoje a gente está lutando com a caneta, através da política, e também com o audiovisual, porque isso jamais vai se perder, vai estar nas redes para todo mundo ter acesso, para todo mundo, quando procurar, se ver, principalmente os povos indígenas”, evidenciou Vanessa Fe Há, que é diretora e roteirista de um dos episódios da série e estava presente no lançamento. O episódio Kaingang mostra a Terra Indígena Mangueirinha (PR), maior território indígena de araucária preservada no mundo, e a relação que o povo tem com a natureza e principalmente com a araucária, que para eles é uma mãe ancestral.