Pluralidade na sessão de curtas: “Somos diferentes e as belezas também”

“Os curtas tinham em comum a ideia de que cada criança tem sua diferença. Nenhuma pessoa é igual. A história da princesa negra chamou a minha atenção. Ela tem o cabelo cheio de formas e possibilidades”, disse Lara Gabriela Scher de 11 anos após a Sessão de Curtas Nacionais.

Lara refere-se ao curta “Fábula de Vó Ita”, de Joyce Prado e Thallita Oshiro, (SP, ficção, 2016). Inspirado na história da vó e prima da diretora Thalita, o filme conta a história da menina Gisa que sofre preconceito na escola e sua vó a envolve em uma fábula para lhe mostrar a beleza das diferenças e o valor de sua própria identidade.

“O filme chamou a atenção para a questão do preconceito de uma forma sutil. Faço pedagogia e considero muito importante encontrar maneiras de colocar essa discussão na sala de aula”, afirmou Elisângela Machado, tia de Lara. 

A sessão exibiu sete curtas que abordam temas do cotidiano das crianças brasileiras. A representatividade das crianças negras e de periferia foi o ponto alto das histórias. “É uma história sobre uma princesa diferente daquelas que vimos na televisão e no cinema. Quem conhece a Branca de Neve e a Frosen? Se todos somos diferentes e as belezas também, porque princesas e heróis vão ser iguais?” provocou a diretora Thallita no bate-papo após a sessão.

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Thallita Oshiro e Joyce Prado, diretores de ‘Fábula de Vó Ita’

 

O sentimento, o afeto e a valorização da família são bases da narrativa do curta “Lá do alto”, de Luciano Vidigal (RJ, ficção, 2016) que também traz o protagonismo de uma criança negra. Sonhador, o menino tenta convencer seu pai a conhecer o alto de uma montanha, na favela do Vidigal, que ele acredita ficar perto do céu, para poder se comunicar com sua avó, de quem sente saudades. O filme é baseado em uma história real, no relato de um menino que acreditava que a montanha ficasse perto do céu, como contou o diretor.

“Estou vendo o Brasil nesta mostra e isso me emociona muito. A reação do público me tocou. Me faz pensar em continuar fazendo cinema dessa forma. Quando a gente toca a plateia consegue se inspirar para acreditar em um mundo melhor”, disse Vidigal.

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Arthur Felipe Fiel, um dos diretores de ‘Dando asas à imaginação’, e Luciano Vidigal, diretor de ‘Lá do alto’

 

O que acontece quando três pequenos amigos embarcam num mundo cheio de magia, aventuras e imaginação? Os personagens Carlinhos, Carol e Quindin são os guias no mundo da contação no curta “Dando asas à imaginação”, de Arthur Felipe Fiel e João Marcos Nascimento (RJ, animação, 2017). O diretor Arthur falou que a inspiração para o filme veio da relação afetuosa que estabeleceu com os alunos na época em que era professor.

“É um filme de criança feito para crianças, traz minha experiência quando dava aula em Aracaju. Um sentimento de amor e carinho nutriu essa narrativa. Ainda tem uma criança muito alegre dentro de mim. Revivi minha infância neste filme e pude pensar várias questões”, falou o diretor.

Na sessão foram exibidos também Pirilampo, de Carlos Avalone (SP, animação, 2018), Papagaio Verde, de Anderson Lima (SP, ficção, 2017), Nimbus, o caçador de nuvens, de Marco Nick (MG, animação, 2016) e Dia das Nações, de Luli Gerbase (RS, ficção, 2017).

Mais cinco filmes serão exibidos na Sessão de Curtas Nacionais que ocorre no domingo (1), às 18h. A sessão é acessível para cegos, surdos e ensurdecidos, por meio da audiodescrição, libras e legenda.  Lícia Brancher, do documentário catarinense “As quatro estações” é a convidada para o bate-papo.

 

 

Domingo (1)

18h Sessão de Curtas Nacionais • 78 min (classificação 10 anos)

Parecido e diferente • de Felipe Diniz
RS, documentário, 2017, 14 min

Pedro e o velho Chico • de Renato Gaia
MG, animação, 2017, 18 min

Retratos para você • de Pedro Nishi,
SP, documentário, 2017, 13 min

A piscina de Caíque • de Raphael Gustavo da Silva,
GO, ficção, 2017, 15 min

As quatro estações • de Lícia Brancher convidado
SC, documentário, 2018, 18 min

 

 

Texto: Paula Guimarães

Fotos: Carolina Arruda



Publicado em 30 junho 2018


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