A releitura de um clássico do cinema infantil, “Os Saltimbancos Trapalhões”, foi a grande atração do último dia da Mostra, domingo (9), na Sessão Longa Nacional, às 11h.
“Me remeteu a própria história dos Trapalhões e também a quando toda a família se reunia para assistir eles na TV”, disse Valdirene Alves Trinoski, que trouxe seu filho Erick, 6 anos, para assistir Os Saltimbancos Trapalhões. “A gente vem na Mostra há 3 anos”, contou ela, que confessou ter chorado no final do filme. Já o pequeno, riu o filme todo.
As trilhas do álbum “Saltimbancos”, de Chico Buarque, embalam a ficção que relembra a divertida história protagonizada na década de 1980 pelo grupo de humor “Os trapalhões”. O universo circense continua presente no show de encerramento, às 16h30, no Palquinho da Mostra, no hall do Teatro Pedro Ivo, com o espetáculo “Para Todas as Idades” da Super Banda, formada por músicos palhaços.
Didi e Dedé, integrantes dos Trapalhões, continuam no elenco da releitura. Com direção de João Daniel Tikhomiroff, o filme lançado neste ano, traz a história do Circo Sumatra que está em meio a uma grande crise financeira desde a proibição de animais em espetáculos. O Barão (Roberto Guilherme), dono do circo, acaba aceitando fazer leilões de gado, comícios e outros eventos alternativos. Didi (Renato Aragão) e Karina (Letícia Colin), artistas do circo, estão infelizes com a situação e decidem montar um novo número e, assim, tentar atrair o público novamente.
(Texto atualizado em 9/7, às 14h)
Para todas as idades
Boró, Farinha, Farofa, Flor e o maestro Nandola, munidos dos mais variados instrumentos musicais – entre eles agogô, trompete, bateria, surdo, sanfona, guitarra, violão e pandeiro – vão conduzir o infantil “Para todas as idades”.
“A mostra é um evento que acompanhamos há muitos anos. Já passou muita gente bacana pelo palquinho, além da programação de filmes. Ficamos super honrados com o convite”, afirma Gabriela Leite, a palhaça Flor.
Gabriela está grávida de oito meses. “Será lindo. Já tem borboletas no estômago, bem do lado da Maria”, brinca.
Errar é humano. E se há alguém que erre muito até acertar, esse é o palhaço, que faz sua graça resistir ao tempo de forma tão universal. Ele permite ao público rir de si mesmo e estabelece uma “relação de afeto com a humanidade”, como explica Gabriela.
Diferente do malabarista, do mágico e dos outros personagens circenses, admirados pelos seus feitos, o palhaço carrega a figura do fracassado, daquele que não se adapta ao padrão. “O palhaço é humano, é real, e como tal, quer ser amado. Ele quebra estruturas enrijecidas, edificadas dentro de nós. É a figura do ridículo, e a gente é tão ridículo né?”.
A palhaça diz que a sociedade sempre precisou de um bobo da corte, de alguém que ria e faça rir dos padrões e, nisso está sua função social. Gabriela encontrou a linguagem da palhaçaria na faculdade de Teatro, e teve contato direto com sua vocação na oficina que inaugurou o Circo da Dona Bilica – onde ao lado de outros colegas da Cia Atrapa Trupe tornou-se residente desde então. “Na palhaçaria toda a pesquisa ocorre em você mesmo. Não existe personagem, não há interpretação, é o seu ridículo exposto, num difícil processo de autoconhecimento”, revela.
Texto: Paula Guimarães